Petterson não se contenta com a fidelidade da imagem. Ele busca a
fidelidade da emoção. Observa durante dias uma ave, absorvendo sua
postura, seus gestos, a vibração cromática que só o olhar persistente
consegue decifrar. Ao pintar, não reproduz: interpreta. É por isso que suas
obras, embora rigorosamente exatas, não são frias — ao contrário, têm
calor, ritmo, um sopro vital que escapa da tela.
Reconhecido internacionalmente, Petterson Silva coleciona prêmios que
atestam seu talento e dedicação. Do Primeiro Lugar no Salão Brasileiro de
Arte em Liechtenstein, ao Prêmio Giulio Cesare em Roma, até a honraria
Top Of Mind International Award em Londres, seu trabalho ultrapassa
fronteiras, ecoando o valor de sua arte para além da Amazônia.
A espiritualidade é seu alicerce silencioso. Cristão convicto, vê no ato de
pintar uma oração que se traduz em cor. “Pintar é expressar gratidão”,
diz, e talvez seja essa reverência que explica a ausência de arrogância
em sua técnica impecável. Ele sabe que cada tom, cada detalhe, é antes
de tudo um empréstimo da criação divina.
Ao contemplar uma obra sua, o espectador não apenas reconhece a
beleza de uma espécie: sente-se convocado a protegê-la. O hiper-
realismo de Petterson é também um manifesto ecológico — não
panfletário, mas sensível. Ele nos lembra que a sobrevivência dessas
aves depende de escolhas humanas, e que a arte pode ser ponte entre
fascínio e consciência.
Na Amazônia, a vida é feita de encontros raros. O de Petterson com sua
arte é um deles. Suas telas não registram apenas o que os olhos veem,
mas o que a memória quer guardar. E, ao fazê-lo, transformam cada
espectador em testemunha de um voo que não termina quando a
moldura se fecha.