Edição 9 - Port - Amazônia - Brazil

Petterson não se contenta com a fidelidade da imagem. Ele busca a

fidelidade da emoção. Observa durante dias uma ave, absorvendo sua

postura, seus gestos, a vibração cromática que só o olhar persistente

consegue decifrar. Ao pintar, não reproduz: interpreta. É por isso que suas

obras, embora rigorosamente exatas, não são frias — ao contrário, têm

calor, ritmo, um sopro vital que escapa da tela.

Reconhecido internacionalmente, Petterson Silva coleciona prêmios que

atestam seu talento e dedicação. Do Primeiro Lugar no Salão Brasileiro de

Arte em Liechtenstein, ao Prêmio Giulio Cesare em Roma, até a honraria

Top Of Mind International Award em Londres, seu trabalho ultrapassa

fronteiras, ecoando o valor de sua arte para além da Amazônia.

A espiritualidade é seu alicerce silencioso. Cristão convicto, vê no ato de

pintar uma oração que se traduz em cor. “Pintar é expressar gratidão”,

diz, e talvez seja essa reverência que explica a ausência de arrogância

em sua técnica impecável. Ele sabe que cada tom, cada detalhe, é antes

de tudo um empréstimo da criação divina.

Ao contemplar uma obra sua, o espectador não apenas reconhece a

beleza de uma espécie: sente-se convocado a protegê-la. O hiper-

realismo de Petterson é também um manifesto ecológico — não

panfletário, mas sensível. Ele nos lembra que a sobrevivência dessas

aves depende de escolhas humanas, e que a arte pode ser ponte entre

fascínio e consciência.

Na Amazônia, a vida é feita de encontros raros. O de Petterson com sua

arte é um deles. Suas telas não registram apenas o que os olhos veem,

mas o que a memória quer guardar. E, ao fazê-lo, transformam cada

espectador em testemunha de um voo que não termina quando a

moldura se fecha.