NAS TELAS DE
PETTERSON SILVA, O
INSTANTE SE ETERNIZA.
CADA PENA, CADA
REFLEXO DE LUZ SOBRE
O OLHO DE UMA ARARA,
cada sombra projetada pela curva das asas — tudo é capturado com uma precisão
quase impossível, como se o artista tivesse aprendido não apenas a observar, mas
a respirar no mesmo compasso da natureza. Seu hiper-realismo não é mera
técnica: é uma forma de devoção.
Criado entre o verde profundo e os rios de Mato Grosso, Petterson cresceu como
quem dialoga com a floresta. Pescando, contemplando e ouvindo os estridentes
psitacídeos admirando o grafismo Indígena e a arte plumaria, desde cedo entendia
que natureza não é um cenário, mas uma presença. Essa intimidade com a
paisagem moldou não apenas seu olhar, mas também sua paleta. Nos seus
quadros, a Amazônia não é pintada — ela pulsa.
Influenciado por mestres como Portinari, Tiziano e Caravaggio, aprendeu a construir
narrativas com luz e sombra. O chiaroscuro que adota não serve apenas para
destacar formas, mas para dramatizar a experiência: o voo de um tucano pode
surgir de uma penumbra densa, como se atravessasse o limiar entre o visível e o
imaginado.