Edição 9 - Port - Amazônia - Brazil

NAS TELAS DE

PETTERSON SILVA, O

INSTANTE SE ETERNIZA.

CADA PENA, CADA

REFLEXO DE LUZ SOBRE

O OLHO DE UMA ARARA,

cada sombra projetada pela curva das asas — tudo é capturado com uma precisão

quase impossível, como se o artista tivesse aprendido não apenas a observar, mas

a respirar no mesmo compasso da natureza. Seu hiper-realismo não é mera

técnica: é uma forma de devoção.

Criado entre o verde profundo e os rios de Mato Grosso, Petterson cresceu como

quem dialoga com a floresta. Pescando, contemplando e ouvindo os estridentes

psitacídeos admirando o grafismo Indígena e a arte plumaria, desde cedo entendia

que natureza não é um cenário, mas uma presença. Essa intimidade com a

paisagem moldou não apenas seu olhar, mas também sua paleta. Nos seus

quadros, a Amazônia não é pintada — ela pulsa.

Influenciado por mestres como Portinari, Tiziano e Caravaggio, aprendeu a construir

narrativas com luz e sombra. O chiaroscuro que adota não serve apenas para

destacar formas, mas para dramatizar a experiência: o voo de um tucano pode

surgir de uma penumbra densa, como se atravessasse o limiar entre o visível e o

imaginado.