Edição 9 - Port - Amazônia - Brazil

Há nelas a mesma lógica de um organismo vivo: nada é centralizado.

As cores, transparentes ou intensas, surgem como respirações e os

espaços como pausas de silêncio denso. Se fosse um animal, diz

Patrícia, seria pássaro: “eles carregam a leveza, o impulso para o alto,

a liberdade de existir entre planos e são semeadores ”. E talvez seja

isso que torna sua obra tão urgente: ela semeia uma outra forma de

olhar, mais próxima daquilo que é orgânico, instável e essencialmente

vivo. Diante de suas pinturas compreendemos que a arte, assim como

a floresta, é feita de fluxos. Não busca um fim nem uma forma

definitiva. Busca relação, escuta e presença.

A arte de Patrícia Siqueira, ao final, torna-se um manifesto silencioso,

uma dança de "raízes e asas" que "insiste em brotar". Ela nos ensina o

que a própria floresta sussurra: que o tempo pode ser matéria de

construção e não de perda.