Há nelas a mesma lógica de um organismo vivo: nada é centralizado.
As cores, transparentes ou intensas, surgem como respirações e os
espaços como pausas de silêncio denso. Se fosse um animal, diz
Patrícia, seria pássaro: “eles carregam a leveza, o impulso para o alto,
a liberdade de existir entre planos e são semeadores ”. E talvez seja
isso que torna sua obra tão urgente: ela semeia uma outra forma de
olhar, mais próxima daquilo que é orgânico, instável e essencialmente
vivo. Diante de suas pinturas compreendemos que a arte, assim como
a floresta, é feita de fluxos. Não busca um fim nem uma forma
definitiva. Busca relação, escuta e presença.
A arte de Patrícia Siqueira, ao final, torna-se um manifesto silencioso,
uma dança de "raízes e asas" que "insiste em brotar". Ela nos ensina o
que a própria floresta sussurra: que o tempo pode ser matéria de
construção e não de perda.