Edição 9 - Port - Amazônia - Brazil

E o que a delicadeza da aquarela pode nos ensinar sobre a imensa força

da floresta? Sonia responde com a sabedoria de quem compreende

ambos os universos: “A delicadeza da aquarela revela que a força da

floresta está na sutileza do silêncio vivo, na persistência das águas, na

leveza que sustenta a vida.” É a prova de que a verdadeira potência não

reside na rigidez, mas na capacidade de fluir, adaptar-se e persistir.

Para Sonia Scalabrin, as cores carregam memórias – da terra úmida, da

luz dourada que se filtra pelas copas, das sombras que guardam

mistérios. E sua arte se torna guardiã dessas lembranças. Ela não deseja

apenas que o público admire suas obras, mas que "sintam a alma da

floresta e, com ela, a própria alma". Seu objetivo é que a contemplação

desperte um estado de reverência e comunhão, transformando a arte

em "um portal para o sagrado da natureza, como uma prece silenciosa

que faz bem à alma".

Ao perguntarmos se a arte pode proteger uma floresta, a resposta é um

sim convicto, mas que aponta para uma proteção que nasce de dentro

para fora. "Quando uma arte faz a floresta pulsar no coração de quem

contempla, nasce uma proteção invisível: o cuidado".

No final, a mensagem mais urgente que suas aquarelas amazônicas

enviam ao mundo é um chamado à consciência da interconexão. Com a

clareza de quem vê a teia que une todas as coisas, a artista afirma: "o

que ferimos lá fora, ecoa aqui dentro". Suas obras são esse eco, um

reflexo pintado que nos lembra que só haverá futuro se reencontrarmos a

harmonia com a terra que nos sustenta. São, em essência, um ato de

amor e um apelo à preservação, pintados com a mesma água que flui

nos rios e a mesma cor que pulsa no coração da mata.

Instagram: @soniascalabrinartist