E o que a delicadeza da aquarela pode nos ensinar sobre a imensa força
da floresta? Sonia responde com a sabedoria de quem compreende
ambos os universos: “A delicadeza da aquarela revela que a força da
floresta está na sutileza do silêncio vivo, na persistência das águas, na
leveza que sustenta a vida.” É a prova de que a verdadeira potência não
reside na rigidez, mas na capacidade de fluir, adaptar-se e persistir.
Para Sonia Scalabrin, as cores carregam memórias – da terra úmida, da
luz dourada que se filtra pelas copas, das sombras que guardam
mistérios. E sua arte se torna guardiã dessas lembranças. Ela não deseja
apenas que o público admire suas obras, mas que "sintam a alma da
floresta e, com ela, a própria alma". Seu objetivo é que a contemplação
desperte um estado de reverência e comunhão, transformando a arte
em "um portal para o sagrado da natureza, como uma prece silenciosa
que faz bem à alma".
Ao perguntarmos se a arte pode proteger uma floresta, a resposta é um
sim convicto, mas que aponta para uma proteção que nasce de dentro
para fora. "Quando uma arte faz a floresta pulsar no coração de quem
contempla, nasce uma proteção invisível: o cuidado".
No final, a mensagem mais urgente que suas aquarelas amazônicas
enviam ao mundo é um chamado à consciência da interconexão. Com a
clareza de quem vê a teia que une todas as coisas, a artista afirma: "o
que ferimos lá fora, ecoa aqui dentro". Suas obras são esse eco, um
reflexo pintado que nos lembra que só haverá futuro se reencontrarmos a
harmonia com a terra que nos sustenta. São, em essência, um ato de
amor e um apelo à preservação, pintados com a mesma água que flui
nos rios e a mesma cor que pulsa no coração da mata.
Instagram: @soniascalabrinartist