Niela Aradê é o nome artístico de Daniela Araujo de Deus Rodrigues, um encontro de raízes e
liberdade. “Niela”, desdobramento suave de Daniela, carrega leveza e sonoridade universal.
“Aradê” combina Ara, referência a Araujo, e dê, de Deus, homenageando suas raízes
familiares e revelando a ideia de semear e alçar voo - símbolos de liberdade e criação que
traduzem a identidade da artista. Juntas, essas partes formam um nome que guarda
memória e movimento, traduzindo a arte de quem cria caminhos e reinventa horizontes.
A arte da paulistana Niela Aradê nasce na fronteira onde a lógica abdica e o acaso assume
o comando. Sua obra é um fascinante ato de rebelião poética, no qual a mente de uma
analista judiciária, treinada na arquitetura racional do Direito, se entrega à força primordial
da matéria. O ateliê não é um espaço de fuga, mas um laboratório para o antídoto: a busca
por uma verdade que não pode ser legislada, apenas sentida.
Sua escolha da técnica do acrílico fluido derramado (“pouring”) é, em si, uma declaração
filosófica. Inspirada pela busca de Kandinsky pela "necessidade interior", ela renuncia ao
controle absoluto do pincel para se tornar uma catalisadora de eventos. Ela não dita o
resultado; apenas estabelece as condições para que um acontecimento cromático ocorra.
A tinta que flui, se mistura e se acomoda ao secar — de forma imprevisível — revela uma
beleza que a intenção humana sozinha não poderia conceber. É a engenharia do acaso.
O processo criativo de Niela espelha uma constante calibragem do olhar. "Me afasto, me
aproximo", descreve a artista. É um movimento dialético entre a entrega ao enigma inicial e
a intervenção sutil que busca a harmonia. De longe, a obra é uma explosão de energia; de
perto, um microcosmo de células, veias e texturas geológicas. Suas telas não oferecem uma
imagem fechada, mas um campo de forças que convida o espectador a esse mesmo jogo
de percepção, a essa "vontade de desvendar" onde cada um projeta sua própria narrativa.
A arte de Niela Aradê é, em última análise, um testemunho da beleza que surge quando
renunciamos ao controle. Cada tela é um pequeno Big Bang, um ecossistema cromático
nascido de uma turbulência orquestrada. Ela nos oferece menos uma imagem e mais um
acontecimento, um lembrete de que as verdades mais profundas não são aquelas que
construímos com a razão, mas aquelas que permitimos emergir do fluxo.
Instagram: @niela.arade