AO FALAR DE SUA
PRÓPRIA TRAJETÓRIA,
CHARLES NÃO SE
VANGLORIA, MAS
REVELA SEU CREDO:
o compromisso com a memória, com a escuta, com o resgate. Há algo de
místico em seu olhar que vê sentido onde outros veem sobra, que
encontra poesia no abandono. Para ele, criar é um ato de reconexão com
a essência das coisas — com o que a floresta ainda pode nos ensinar.
E talvez aí resida a sua força definitiva: Charles Barreto não pinta a floresta,
ele a incorpora. Suas obras não são ilustrações da Amazônia — são a
própria floresta transmutada: em sua resistência, em sua cicatriz, em sua
força. Seus quadros são altares de uma espiritualidade sutil e urgente,
construídos com os escombros do que fomos e com os vestígios do que
ainda podemos ser. Em um tempo de pressa e excesso, sua arte é o
antídoto: contemplação, escuta e matéria que pulsa. É terra, é tempo, é
testemunho. É a voz de tudo aquilo que insiste em viver, mesmo depois de
esquecido.
Instagram: @charlesbarretoarte
Fotografia: Plinio Froes