Edição 9 - Port - Amazônia - Brazil

AO FALAR DE SUA

PRÓPRIA TRAJETÓRIA,

CHARLES NÃO SE

VANGLORIA, MAS

REVELA SEU CREDO:

o compromisso com a memória, com a escuta, com o resgate. Há algo de

místico em seu olhar que vê sentido onde outros veem sobra, que

encontra poesia no abandono. Para ele, criar é um ato de reconexão com

a essência das coisas — com o que a floresta ainda pode nos ensinar.

E talvez aí resida a sua força definitiva: Charles Barreto não pinta a floresta,

ele a incorpora. Suas obras não são ilustrações da Amazônia — são a

própria floresta transmutada: em sua resistência, em sua cicatriz, em sua

força. Seus quadros são altares de uma espiritualidade sutil e urgente,

construídos com os escombros do que fomos e com os vestígios do que

ainda podemos ser. Em um tempo de pressa e excesso, sua arte é o

antídoto: contemplação, escuta e matéria que pulsa. É terra, é tempo, é

testemunho. É a voz de tudo aquilo que insiste em viver, mesmo depois de

esquecido.

Instagram: @charlesbarretoarte

Fotografia: Plinio Froes