Edição 9 - Port - Amazônia - Brazil

Algumas artistas não criam apenas com as mãos — criam com escuta. Escutam a

madeira, os veios que contam histórias, as sementes que guardam memórias

ancestrais, os fragmentos da terra que insistem em permanecer. Teresa Pessoa é uma

dessas artistas. Com a série Bioma Brasileiro, ela não nos apresenta uma paisagem, mas

um organismo. Cada obra é um território sensível onde o Cerrado, a Amazônia e as

culturas originárias dialogam com o presente — e com o porvir.

Seu gesto criativo é ao mesmo tempo ancestral e contemporâneo. Ao unir resina epóxi

com sementes, conchas, folhas e madeiras descartadas, Teresa não apenas preserva:

ela propõe. Propõe novos modos de olhar para o que já esteve invisível. Seus materiais

não são adornos — são testemunhas. Cada cor, cada relevo orgânico, cada detalhe

encapsulado se transforma em matéria poética, em manifesto tátil e silencioso.

A resina, com sua transparência translúcida, não apenas protege. Ela suspende o tempo.

Dá à efemeridade da natureza a chance de durar. E é nesse embate entre o transitório e

o eterno que Teresa constrói sua arte: um equilíbrio entre aquilo que foi, aquilo que é e

aquilo que ainda poderá florescer.

Mais do que obras visuais, Bioma Brasileiro é uma experiência sensorial. Uma geografia

emocional moldada por texturas, pigmentos e narrativas. Ao lado de troncos e flores, há

a memória dos povos indígenas, há o sopro das florestas, há a sabedoria silenciosa das

raízes. E há também uma lição profunda: de que o que se transforma não desaparece —

se reinventa.

Em tempos de urgência climática e distanciamento da terra, Teresa nos convida a

reconectar. Não pela via da denúncia, mas pela via do afeto. Sua arte não aponta o

dedo — estende a mão. Como quem diz: aqui está o que restou, e também o que resiste.

Aqui está o que pode ainda florescer.

Observar uma obra de Teresa Pessoa é entrar num tempo outro. Um tempo que pulsa

com a força das árvores, que respira com a sabedoria das sementes, que espera —

silenciosamente — por um olhar capaz de sentir.

Instagram: @teresapessoa_arte

www.teresapessoa.com.br