Edição 9 - Port - Amazônia - Brazil

NA ESCOLHA DAS

TÉCNICAS, RAFAELLA

PERMITE QUE CADA

MATERIAL CONTE UMA

PARTE DESSA

HISTÓRIA.

A leveza da aquarela dá corpo ao efêmero; o óleo aprofunda e dá densidade; a

cerâmica, quando surge, traz o gesto tátil do barro — um retorno físico à terra. Em

todas essas linguagens, uma busca por harmonia: um instante de suspensão em

meio ao ruído do mundo.

Ao se aproximar de uma de suas obras, a sensação é de atravessar um portal. Não

há pressa, não há ruído. Apenas uma paisagem onírica que oferece ao espectador

um raro presente: a chance de silenciar e respirar. Nesse espaço, somos

convidados a enxergar o que a pressa não permite ver: que tudo — a floresta, o

cosmos, o feminino, o corpo — está intrinsecamente ligado.

Talvez seja essa a maior contribuição de Rafaella Portella para esta edição

especial da Amazônia: nos lembrar de que a arte pode ser um lugar de retorno.

Um lugar onde o olhar encontra abrigo e, ao mesmo tempo, se expande para algo

maior do que nós.

Em tempos em que a floresta pede urgência, suas pinturas pedem presença. E, ao

nos fazer parar, talvez nos devolvam aquilo que esquecemos: o sentido de

pertencimento.