A Amazônia não é
apenas cenário, mas
presença viva, memória
coletiva e guardiã de
mitos que persistem.
Esse trabalho é também um gesto político: lembrar que a Amazônia não é apenas
cenário, mas presença viva, memória coletiva e guardiã de mitos que persistem. Ao
deslocar miçangas — objetos minúsculos e, ao mesmo tempo, imensos em
significado — para o centro da experiência, Elaine convida a ver a arte como lugar
de reconciliação entre tempos, povos e formas de existir.
Pequenas e aparentemente frágeis, essas contas ganham protagonismo como
partículas sagradas, símbolos de trânsito entre forças e saberes: carregam
memórias indígenas, papéis afrodiaspóricos, trocas coloniais e resistências.
Libertam cor, energia e cifras na paisagem da instalação, instaurando atmosferas
de silêncio e reverência — brilhos entre o branco da água, o dourado do sol, o verde
da floresta.
Há algo de rito na maneira como tudo se organiza: imagem, som, cor, espaço e
silêncio. “Imagens Contadas em Contas” é travessia — um convite a se deixar tocar
por aquilo que vibra mesmo quando não se vê. Porque, ao final, a floresta e suas
miçangas permanecem ali, cintilando, lembrando-nos que o que reluz, na obra de
Elaine Pessoa, não é apenas luz — é permanência.
Instagram: @elainepessoarte
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