Edição 9 - Port - Amazônia - Brazil

A Amazônia não é

apenas cenário, mas

presença viva, memória

coletiva e guardiã de

mitos que persistem.

Esse trabalho é também um gesto político: lembrar que a Amazônia não é apenas

cenário, mas presença viva, memória coletiva e guardiã de mitos que persistem. Ao

deslocar miçangas — objetos minúsculos e, ao mesmo tempo, imensos em

significado — para o centro da experiência, Elaine convida a ver a arte como lugar

de reconciliação entre tempos, povos e formas de existir.

Pequenas e aparentemente frágeis, essas contas ganham protagonismo como

partículas sagradas, símbolos de trânsito entre forças e saberes: carregam

memórias indígenas, papéis afrodiaspóricos, trocas coloniais e resistências.

Libertam cor, energia e cifras na paisagem da instalação, instaurando atmosferas

de silêncio e reverência — brilhos entre o branco da água, o dourado do sol, o verde

da floresta.

Há algo de rito na maneira como tudo se organiza: imagem, som, cor, espaço e

silêncio. “Imagens Contadas em Contas” é travessia — um convite a se deixar tocar

por aquilo que vibra mesmo quando não se vê. Porque, ao final, a floresta e suas

miçangas permanecem ali, cintilando, lembrando-nos que o que reluz, na obra de

Elaine Pessoa, não é apenas luz — é permanência.

Instagram: @elainepessoarte

www.elainepessoa.com.br