Edição 9 - Port - Amazônia - Brazil

Valter Gil Marques

O universo de Valter Gil Marques é feito de permanências e

reinvenções, gestos vindos de Lisboa mas lançados ao mundo.

Seu percurso, marcado pelo olhar treinado na Comunicação

Gráfica e pelo instinto de um pintor autodidata, traduz-se em telas

onde as formas parecem escolher, a cada instante, entre a ordem

e o risco, entre a memória e a descoberta.

Mas há um segredo nesse processo, um nome que assina a alma

de sua obra: Gilka. "A minha Arte é um mundo paralelo, e Gilka é o

meu Alter Ego nesse mundo", revela o artista. É através de Gilka

que a busca deixa de ser apenas estética para se tornar

existencial, um espaço de reflexão para "expressar sentimentos,

emoções e opiniões relativas ao dia a dia". Nascido em Lisboa,

Valter equilibra a disciplina da Escola António Arroio com a

ousadia de quem aprende sozinho desde 1995. Suas composições,

presentes em coleções privadas em Portugal e no exterior,

evocam

tanto

a

tradição

clássica

quanto

a

inovação

contemporânea.

Cada tela reflete uma observação profunda, mas é na execução

que sua voz se torna inconfundível. O gesto pictórico, que poderia

ser puramente instintivo, carrega em si a inteligência do designer.

A composição, que poderia ser rígida, é atravessada por uma

alma indomável. Essa alma é a de Gilka, que não se preocupa em

criar uma imagem, mas em dizer e partilhar uma mensagem. "Não

tenho prazer em me repetir", afirma Valter, e é essa recusa da

fórmula que o leva a explorar mitos, o sobrenatural e a influência

de culturas diversas, da latina à asiática.

Desde

2000,

Valter

participa

de

diversas

exposições,

consolidando-se como uma presença constante no cenário

artístico português. Cada mostra revela a evolução de sua técnica

e a maturidade de seu olhar: a habilidade de transformar

superfícies em narrativas que nos convidam a ir além do visível,

sempre guiado pela música, pois confessa: "não consigo criar em

silêncio".

A Gramática da Alma