Às vezes, ela relata, são horas de espera "até que a incidência do sol chegue no nível que
quero". Cada instante capturado é sagrado e irrepetível, uma peça de autenticidade num
mundo de reprodução em massa. É a prova de que arte e estratégia caminham juntas
quando o propósito é genuíno. Como ela mesma articula, "a arte é a materialização dos
sentimentos, da mesma forma que a tecnologia materializa tantas linguagens de
negócios".
No fim, "Art Must Go On" é mais que uma mostra fotográfica; é um manifesto sobre a
liberdade de escolha. Ao nos apresentar a perfeição de uma flor, Hanna nos lembra de
nossa própria origem divina.
A arte de Hanna Luisa Bakor nasce de um ato de resgate. Não o resgate de algo perdido,
mas a redescoberta de uma essência que sempre esteve lá, esperando para ser ouvida.
Após anos imersa na lógica dos negócios e na sombra das "dores da vida", ela fez uma
escolha filosófica radical: treinou seu olhar para focar na beleza.
Essa jornada não começou na pandemia, mas na infância, quando seus pais criaram
um logotipo com duas tulipas para uma marca batizada com seu nome, "Hanna Luisa".
Décadas depois, como num eco predestinado, as flores retornariam como o pilar de sua
expressão artística. Sua fotografia não é, portanto, um mero registro do mundo, mas a
consequência de uma decisão profunda de reencontrar-se. É um convite para um
mergulho que revela universos que, no cotidiano, nos passam despercebidos.
O pilar de sua investigação artística é a lente macro, usada não como um artifício
técnico, mas como uma extensão de sua consciência. Funciona como uma lupa, como
ela mesma explica, que não dá zoom, mas se aproxima fisicamente do objeto, exigindo
uma intimidade radical.
Em sua coletânea de estreia, "Art Must Go On", seu superfoco — uma condição real que
se tornou sua maior ferramenta criativa — na fauna e na flora transcende a botânica
para se tornar uma meditação. De tanto que se aproxima, a imagem se desfaz em
abstração. As veias de uma pétala se transformam em rios; o pólen, em constelações. O
ultra-realismo, paradoxalmente, nos leva ao onírico. Como a artista descreve, é um
reflexo do que aconteceu dentro de si: "um mergulho na essência das coisas, na raiz da
vida, no detalhe que sustenta o todo".
Essa busca pela pureza da forma não é ingênua; ela é intencional. Com uma sólida
formação em negócios, Hanna aplica a estratégia de branding à sua própria arte, não
para apenas prosperar, mas para proteger sua mensagem. A tiragem única de cada
obra, a qualidade museológica e a recusa em fazer qualquer tipo de edição de imagem
não são apenas diferenciais de mercado, mas uma declaração de valor.