Essa dualidade entre a denúncia e
a celebração da vida floresceu
após
uma
longa
carreira
na
educação, e hoje pulsa em obras
que circulam o globo, de Madrid a
Barcelona, de Paris a Berlim.
Em cada exposição, seja no Brasil ou no exterior, sua linguagem — marcada pelo
derramado, pelo uso ousado de acrílicas, sprays e espátulas — espalha cores e
provoca interrogações. O gesto se torna manifesto; a cor, resistência.
A relação de Montemór com a floresta é, em suas próprias palavras, "simbiótica". A
natureza exuberante lhe oferece a matéria e a inspiração para se manter em
equilíbrio; ela, em troca, lhe oferece uma voz, transformando a tela em um campo
para a reflexão. O que ela espera que o espectador sinta não é uma única emoção,
mas um misto complexo que espelha a própria floresta: a percepção da beleza que
estamos perdendo, da força que ainda resiste, da responsabilidade que
compartilhamos e, acima de tudo, da certeza de "que não está só em seus sonhos,
desejos, revolta, indignação"
Percorrer as obras de Maria Lúcia Montemór é, portanto, aceitar um convite à
complexidade. É entender que cada mancha de cor é um território de debate, que
cada célula pulsante é um microcosmo de vida e que, no silêncio de suas
composições, reside o grito mais articulado. Ao final, não se sai apenas com a
lembrança de um quadro, mas com a consciência expandida, a incômoda e
necessária certeza de que a arte, em suas mãos, não é apenas para ser sentida — é
para ser compreendida.
Instagram: @montemor_art