Edição 9 - Port - Amazônia - Brazil

Ursula Altenbach nos oferece mais do que arte; ela nos entrega um modo de

ver. Sua obra é um convite à empatia radical, a sentir o outro — seja ele uma

pessoa, uma cultura, uma paisagem ou a própria floresta amazônica. Em suas

criações, ressoa um profundo respeito pela simbiose, pela sabedoria dos

povos que guardam a floresta, “que veem a natureza como parte integrante

da cultura”. Olhar para o trabalho de Ursula é como adentrar uma clareira

inesperada: um espaço de beleza, reflexão e conexão profunda com a teia

viva que nos une. É sentir, através de seus olhos, o pulsar do mundo.

Na Amazônia, Ursula vê beleza e urgência. Vê o gesto silencioso das

comunidades indígenas como uma forma de resistência sagrada. “Admiro

profundamente suas práticas sustentáveis e a maneira como enxergam a

natureza como parte integrante da cultura. Obrigada por serem as guardiãs do

nosso planeta.” É nesse agradecimento que reside sua mensagem mais potente:

o reconhecimento de que a arte não é superior à vida, mas sua continuação

natural.

Premiada recentemente na Itália com o Pitturiamo 2024, com exposições na

Gallerie Katapult em Basel e curadoria em projetos como o "Art in the Park", Ursula

Altenbach reafirma que seu fazer artístico vai além das paredes dos museus. É

intervenção, é travessia, é afeto. Seus trabalhos parecem carregar o cheiro das

monções indianas, o som dos trens paulistanos, a quietude de um templo japonês

e a explosão cromática da floresta.