É com essa bagagem que ela olha para a Amazônia, não como um
bioma isolado, mas em diálogo com outros Brasis. Para ela, a
aridez do sertão e a abundância da floresta não são opostos, mas
expressões da mesma "força ancestral", da mesma lógica de
"ciclos, transformação e resistência". E a Amazônia, assim como o
sertão, está sendo "embalada para descarte". Sua arte responde a
isso usando o próprio plástico, símbolo da negligência, para criar
imagens que não podem ser ignoradas.
No fim, a obra de Zilah Garcia é um gesto de reparo, um antídoto
contra a paralisia da ecoansiedade. Ao imaginar costurar folhas
perecíveis da floresta com o plástico permanente, ela aponta para
uma cura que nasce da tensão entre natureza e artifício. Sua arte
não oferece uma solução grandiosa, mas algo mais honesto: um
testemunho íntimo. Talvez o propósito de sua obra não seja dar
uma resposta, mas fazer uma promessa. Quando questionada
sobre o que diria à floresta, sua confissão revela a força motriz de
todo o seu trabalho:
“Juro, floresta, eu estou tentando. Com passos pequenos, ouvidos
abertos e um coração inquieto — tentando retribuir tudo que
recebo de ti, mesmo sem saber se consigo.”
Instagram: @zilahzgarcia
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