Edição 9 - Port - Amazônia - Brazil

Já em “Frente Inverso”, a artista mergulha para dentro. Se “Abissal” desce ao oceano, essa série

desce à alma. Os vasos escultóricos, retorcidos, curvados, em permanente estado de torção e

equilíbrio, são retratos emocionais da jornada feminina. Há algo visceral nessas formas que se

dobram, mas não se rompem — como se a argila guardasse o segredo de quem aprende, dia

após dia, a sustentar o mundo enquanto tenta não se perder de si. A pergunta que guia essa

série é quase sussurrada: quantas vezes precisamos nos virar do avesso para permanecer

inteiras? A resposta está nas curvas, nos vazios, nos gestos fixados no barro.

A arte de Adriana se impõe como um convite à percepção silenciosa. Suas peças não se

impõem pelo ruído, mas pela presença. Elas não explicam, mas tocam. E talvez seja isso que

mais precisamos: arte que nos lembre do que sentimos, mesmo quando não sabemos dizer.

Instagram: @adrianachamma_atelie

Fotografia: @danidibphoto