Já em “Frente Inverso”, a artista mergulha para dentro. Se “Abissal” desce ao oceano, essa série
desce à alma. Os vasos escultóricos, retorcidos, curvados, em permanente estado de torção e
equilíbrio, são retratos emocionais da jornada feminina. Há algo visceral nessas formas que se
dobram, mas não se rompem — como se a argila guardasse o segredo de quem aprende, dia
após dia, a sustentar o mundo enquanto tenta não se perder de si. A pergunta que guia essa
série é quase sussurrada: quantas vezes precisamos nos virar do avesso para permanecer
inteiras? A resposta está nas curvas, nos vazios, nos gestos fixados no barro.
A arte de Adriana se impõe como um convite à percepção silenciosa. Suas peças não se
impõem pelo ruído, mas pela presença. Elas não explicam, mas tocam. E talvez seja isso que
mais precisamos: arte que nos lembre do que sentimos, mesmo quando não sabemos dizer.
Instagram: @adrianachamma_atelie
Fotografia: @danidibphoto