Edição 9 - Port - Amazônia - Brazil

É no elemento Ar, contudo, que sua obra e a alma da Amazônia se

encontram em uma comunhão surpreendente e profunda. Pedro

dispensa o uso de pincéis, utilizando o próprio movimento do ar para

guiar a tinta. A técnica deixa de ser uma ferramenta e se torna a própria

metáfora. "Dos quatro elementos, o Ar é o que está mais representado na

minha obra", revela o artista. "Eu vejo a relação da minha arte e a

Amazônia principalmente pelo elemento ar por ser o mais difícil de

representar, já que não é visível, presente o tempo todo e necessário."

Nesse gesto, a imprevisibilidade de sua arte transcende a estética para

se tornar um espelho da própria natureza indomável da floresta. Suas

telas são o resultado de uma delicada colaboração entre a intenção do

artista e as leis do acaso — a gravidade, a fluidez, o sopro. É uma arte que

reconhece não ter o controle absoluto, assim como o homem jamais terá

sobre a soberania da natureza.

Ao final, as obras de Pedro Prandini não nos oferecem uma imagem da

Amazônia para ser vista, mas um processo para ser sentido. Elas nos

lembram que a floresta não é um lugar estático, mas um organismo

regido por forças primordiais. Para entendê-la, talvez não precisemos de

mais representações, mas de uma nova sensibilidade. Uma sensibilidade

que, como a de Pedro, aprenda a escutar o fluxo, a sentir a terra e, acima

de tudo, a valorizar a importância do que é invisível, como o ar que

respiramos e que, assim como a Amazônia, nos mantém vivos.

Instagram: @pedrotprandini