É no elemento Ar, contudo, que sua obra e a alma da Amazônia se
encontram em uma comunhão surpreendente e profunda. Pedro
dispensa o uso de pincéis, utilizando o próprio movimento do ar para
guiar a tinta. A técnica deixa de ser uma ferramenta e se torna a própria
metáfora. "Dos quatro elementos, o Ar é o que está mais representado na
minha obra", revela o artista. "Eu vejo a relação da minha arte e a
Amazônia principalmente pelo elemento ar por ser o mais difícil de
representar, já que não é visível, presente o tempo todo e necessário."
Nesse gesto, a imprevisibilidade de sua arte transcende a estética para
se tornar um espelho da própria natureza indomável da floresta. Suas
telas são o resultado de uma delicada colaboração entre a intenção do
artista e as leis do acaso — a gravidade, a fluidez, o sopro. É uma arte que
reconhece não ter o controle absoluto, assim como o homem jamais terá
sobre a soberania da natureza.
Ao final, as obras de Pedro Prandini não nos oferecem uma imagem da
Amazônia para ser vista, mas um processo para ser sentido. Elas nos
lembram que a floresta não é um lugar estático, mas um organismo
regido por forças primordiais. Para entendê-la, talvez não precisemos de
mais representações, mas de uma nova sensibilidade. Uma sensibilidade
que, como a de Pedro, aprenda a escutar o fluxo, a sentir a terra e, acima
de tudo, a valorizar a importância do que é invisível, como o ar que
respiramos e que, assim como a Amazônia, nos mantém vivos.
Instagram: @pedrotprandini